Histórico de Natividade

NATIVIDADE foi o primeiro núcleo na região do Tocantins, e sua fundação remonta à atividade mineradora de exploração do ouro no século XVIII que fez surgir uma série de localidades no centro oeste brasileiro. A sua história possui versões divergentes quanto ao início do povoamento e ao fundador. Oficialmente, considera-se a data de fundação de Natividade o ano de 1734 e o seu fundador, Antonio Ferraz de Araujo, que participou da bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva Filho (bandeirante que pela segunda vez veio à região das Minas dos Goyazes, saindo de São Paulo em 1722). Natividade conservou-se como arraial durante quase 100 anos. Só foi elevada à categoria de vila em 1833, com instalação em 26 de agosto do mesmo ano. Como arraial vários acontecimentos importantes marcaram a história da localidade, tais como a divisão da Província de Goyaz em duas comarcas em 1809 (do Norte e do Sul), sendo Natividade sede da Comarca do Norte, até que se construísse a sede definitiva (vila da Palma, ocorrido em 1815), sob o comando do ouvidor português Joaquim Theotônio Segurado. Posteriormente; entre 1821 e 1823 houve o movimento separatista na região norte da província de Goiás com a liderança do Theotônio Segurado, e um governo autônomo foi criado com sede inicialmente em Cavalcante, Arraias e posteriormente em Natividade, já sob o comando do ouvidor nativitano, o tenente coronel Pio Pinto de Cerqueira.

O movimento não teve apoio de autoridades da Província de Goyaz e após tentativas de autorização do império, em 23/06/1823 é oficializada a decisão desfavorável à instalação do Governo independente. Natividade recebeu visitas de viajantes estrangeiros em roteiros pelo interior do Brasil e que fizeram importantes registros da região: Johan Emmanuel Pohl (austríaco, escreveu “Viagem pelo Interior do Brasil”, visita de 4 a 9 de setembro de 1819), William John Burchell (botânico e desenhista inglês, fez desenhos da Praça da Matriz e do Largo do Rosário, no dia 31 de outubro e 01 de novembro de 1828) e George Gardner (naturalista escocês, botânico, zoólogo e médico, escreveu “Viagem no interior do Brasil”, em Natividade de outubro de 1839 a fevereiro de 1840)

Raimundo José Cunha Mattos (português e comandante de armas de Goiás, 1824) também registrou suas impressões quando descreve Natividade em sua Chorografia Histórica da Província de Goyaz como é extenso, aprazível, com boas casas, belas ruas, largas praças, casa de Conselho, quatro igrejas, uma companhia de Infantaria, duas de cavalaria, uma de Henriques milicianos e uma de ordenanças e cita ter existido 40 mil escravos nas minas para exploração de ouro. Conforme o Plano Diretor (2005), a origem da cidade de Natividade deu-se na parte hoje conhecida como seu centro histórico, permanecendo circunscrita a esta área durante quase dois séculos. No centro histórico está o conjunto arquitetônico que apresenta uma estrutura urbana colonial, com ruas irregulares e destaca-se por sua simplicidade, demonstrado na escala, ritmo, proporção do casario e na ausência de monumentalidade das construções, resultando um conjunto harmônico. As fachadas dos imóveis são basicamente de dois tipos, correspondentes aos ciclos econômicos pelos quais passou a cidade: as fachadas mais despojadas, do período relativo à mineração do século XVIII; e as fachadas mais ornamentadas, do 2º período, ligado à pecuária, a partir do século XIX.

O tombamento como patrimônio nacional (do conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico) aconteceu em outubro de 1987, inscrito nos livros de Tombo Histórico (vol 2, fls 05 a 07, nº 519), Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico (fls 55 a 58, nº 102) e das Belas Artes (vol 2, fls 14 a 16, nº 590). Anteriormente, as igrejas de Nossa Senhora da Natividade, de São Benedito e as ruínas da Igreja Nossa Senhora do Rosário foram tombadas isoladamente em nível estadual no ano de 1980, quando ainda era estado de Goiás. Em 2004 foi assinado o convenio (Ministério da Cultura e Estado do Tocantins) da participação de Natividade no Programa Monumenta, projeto de recuperação do patrimônio cultural urbano brasileiro, executado pelo Ministério da Cultura/IPHAN, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e com a parceria da UNESCO é com resultados significativos para a comunidade local.